No ritmo da capoeira palmarina

Para a construção desse post fui utilizada como referência o “Inventário Nacional de Referências Culturais” realizado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e pelo MINC (Ministério da Cultura) em 2017.

Hoje, 20 de novembro, é um dia muito especial na história do nosso país, pois é o dia em que celebramos a Consciência Negra. A data é muito importante, pois carrega consigo um significado muito forte pela luta da igualdade racial e inclusão do negro na sociedade. Além disso, foi o dia em que em que o último líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi dos Palmares, foi capturado e morto pelas tropas de Domingos Jorge Velho.

Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Foto: Wesley Menegari para Sedetur/AL.

O Quilombo dos Palmares foi o maior quilombo da América Latina e resistiu por aproximadamente 100 anos. Abrigou ex escravos refugiados das condições exploratórias que viviam nos engenhos, índios e até mesmo brancos. Era formado por 10 mocambos, sendo Macacos o principal, localizado na Serra da Barriga no município de União dos Palmares. Para quem tiver curiosidade em conhecer um pouco mais sobre a cultura palmarina, recomendo ler três artigos aqui do site: a Serra da Barriga, a arte do Muquém e o Muquém antigo.

Gameleira branca no Parque Memorial Zumbi dos Palmares. Foto: Trend Criativa para Sedetur/AL.
Oca indígena no Parque Memorial Zumbi dos Palmares. Foto: Trend Criativa para Sedetur/AL.

A festividade ocorre em todo o país, mas como a Serra da Barriga se tornou um símbolo diante de sua importância histórica, a Fundação Cultural Palmares organiza um evento anual no local. Na última edição, o evento contou com apresentações culturais locais, passeios e projeções em edifícios históricos. Infelizmente esse ano não teremos festividades devido à pandemia do COVID-19, então resolvemos compartilhar com vocês um pouco sobre a capoeira, uma manifestação cultural tão importante para a cultura negra.

Comemoração do dia da Consciência Negra. Foto: Philipe Medeiros para Sedetur/AL.
Comemoração do dia da Consciência Negra. Foto: Copa Air Lines.
Capoeiristas no dia da Consciência Negra na Serra da Barriga. Foto: Philipe Medeiros para Sedetur/AL.

A capoeira é uma prática reconhecida como patrimônio cultural pelo IPHAN em virtude de toda significação que a caracteriza, onde se expressam simultaneamente o canto, o toque dos instrumentos, a dança, os golpes, o jogo, a brincadeira, os símbolos e rituais de herança africana. Apresenta variações regionais e locais executadas a partir de particularidades cujas mais reconhecidas são a capoeira de angola e a capoeira regional.

Essas variações diferem quanto à intensidade, velocidade e alcance dos movimentos. A capoeira da Angola é focada nos golpes fortes e lentos e o alcance dos chutes são mais baixos. Já a capoeira regional é priorizada a velocidade com um alcance dos golpes mais alto, mas sem tanta intensidade quanto à angolana.

Instrumentos utilizados na capoeira. Foto: Philipe Medeiros para Sedetur/AL.
Capoeira. Foto: Philipe Medeiros para Sedetur/AL.

A introdução da capoeira em União dos Palmares ocorreu devido à motivação do Mestre Nél, aprendiz do Mestre Jacaré, pela região ser historicamente quilombola e símbolo da resistência negra. Em 1987 realizou a primeira roda de capoeira no município, especificamente no povoado Muquém e na praça central, como também formou turmas para instruir novos alunos. Nos grupos coordenados por Mestre Nel joga-se predominantemente a capoeira do tipo regional e com algumas referências à capoeira de angola.

Movimentos da capoeira. Philipe Medeiros para Sedetur/AL.

Em 2001 o Mestre Vita, que foi aluno de Nél, criou seu primeiro grupo de capoeira para ensinar a seus alunos toques de berimbau para capoeiras do tipo regional, contemporânea, yuna ou angola, permitindo o capoeirista a praticar qualquer roda. Atualmente uma ONG coordena a capoeira no Muquém, além de realizar trabalhos sociais e está iniciando mais um grupo no bairro Newton Pereira Gonçalves.

Capoeira. Philipe Medeiros para Sedetur/AL.
Capoeira. Philipe Medeiros para Sedetur/AL.

Já tive a oportunidade de assistir as apresentações de capoeira durante a comemoração à Consciência Negra na Serra da Barriga e fiquei encantada. Admiro muito quem consegue praticar uma arte, que apesar de parecer simples e fluida, é complexa pelos seus movimentos, domínio do corpo, flexibilidade e ritmo. Além disso, sei que algumas empresas de receptivo convidam esses grupos para apresentações quando ocorre visitação de turistas no local.

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