Serra da Barriga e o Quilombo dos Palmares

A Serra da Barriga está localizada na cidade de União dos Palmares, com uma distância de 83 km da capital alagoano. Atualmente é considerada símbolo da resistência negra, pois durante quase 100 anos abrigou o maior quilombo do país. Dessa forma, foi reconhecida como Patrimônio Cultural em 1986 pelo IPHAN e em 2017 pelo MERCOSUL.

Serra da Barriga
Vista superior da Serra da Barriga. Foto: Trend Criativa.

Dia da Consciência Negra

Certamente vocês já ouviram falar sobre o dia 20 de novembro, em que a Serra da Barriga é palco de uma grande festividade. O dia da Consciência Negra atrai milhares de pessoas, principalmente alagoanos, mas também comparecem brasileiros e até gente de outras nacionalidades. Sem dúvida, se você quiser participar da comemoração, terá que percorrer os 7km a pé para chegar no topo da Serra. Entretanto, em dias normais o trajeto pode ser feito de carro. É legal ir cedo para aproveitar melhor o dia! E se prepare, porque a subida é longa rs. Logo depois, chegando lá em cima vocês irão encontrar o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Certamente vocês irão se deparar com várias apresentações culturais e rodas de capoeira. Assim como é também possível comprar umas lembrancinhas artesanais e se deliciar com as comidas típicas.

Capoeira
Dia da Consciência Negra. Foto: Philipe Medeiros.
Consciência Negra
Dia da Consciência Negra. Foto: Copa Air Lines.
Consciência Negra
Dia da Consciência Negra. Foto: Philipe Medeiros.
Consciência Negra
Dia da Consciência Negra. Foto: Philipe Medeiros.

Antes de mais nada, me lembro da primeira vez em que fui à Serra comemorar a Consciência Negra. Ainda mais porque na época estava fazendo um trabalho sobre União dos Palmares e já havia visitado a cidade várias vezes. Além disso, sempre fui muito encantada pela beleza e tranquilidade daquele lugar em dias normais. Entretanto, naquele dia em especial, estava cheio de cores, gente e muita música… ou seja, animação era o que não faltava! Sobretudo me fez refletir como sua história deveria ser sempre valorizada e não somente em novembro.

Serra da Barriga
Artesão local. Foto: Juliana Cavalcante.
Serra da Barriga
Dança africana. Foto: Mariana Cavalcante.
Serra da Barriga
Oca indígena. Foto: Juliana Cavalcante.

Serra da Barriga e a formação do Quilombo dos Palmares

O Quilombo dos Palmares começou a ser formado no século XVII, logo depois da fuga dos escravos. Visto que eles estavam insatisfeitos com as condições exploratórias que viviam nos engenhos de açúcar. Contudo, as fugas foram tantas que o quilombo teve que ser organizado em 10 mocambos. A saber, o território tinha mais ou menos 200km² e se estendia desde às margens do rio São Francisco em Alagoas até Cabo de Santo Agostinho em Pernambuco.

Serra da Barriga
Entrada da Serra da Barriga. Foto: Philipe Medeiros.
Serra da Barriga
Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Foto: Philipe Medeiros.

Com o intuito de proteger seu vasto território, os quilombolas tiveram que se organizar muito bem. Desse modo, a sede era o mocambo de Macacos, atual União dos Palmares, onde o líder morava e tomava suas decisões apoiadas nos líderes dos outros mocambos. De fato, foram três grandes líderes do Quilombo dos Palmares: Aqualtune, Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares. Assim sendo, seus habitantes pescavam, caçavam e plantavam milho, banana, feijão, mandioca, laranja e cana-de-açúcar para sobreviver. Ademais, as mulheres faziam artesanato com cerâmica, tecido e palha para vender para as populações vizinhas.

Serra da Barriga
Gameleira Branca. Foto: Trend Criativa.
Serra da Barriga
Lagoa Encantada. Foto: Philipe Medeiros.

Destruição do Quilombo dos Palmares

Primeiramente eram os escravos refugiados viviam nos quilombos. Todavia, com o passar o tempo, Palmares passou a abrigar brancos, índios e negros libertos, provavelmente 20 mil habitantes viveram lá em seu auge. Em seguida, os quilombolas começaram a invadir as fazendas da região para libertar escravos, roubar armas e comida e raptar as mulheres. Por outro lado, essas atitudes geraram incômodo nos donos de engenho que tentaram diversas vezes destruir o quilombo. Palmares resistiu por quase 100 anos, mas como resultado, foi derrotado em 1694, quando o governo português se uniu aos grandes proprietários de terras da região. Logo depois contrataram uma tropa de bandeirantes paulistas lideradas por Domingos Jorge Velho.

Serra da Barriga
Oca Indígena. Foto: Philipe Medeiros.
Serra da Barriga
Interior da Oca Indígena. Foto: Trend Criativa.

Serra da Barriga é tombada Patrimônio Cultural do Mercosul

Por fim, em 1986 ocorreu o tombamento da Serra da Barriga pelo IPHAN e em 2017 pelo Mercosul. Sobretudo devido à mobilização de grupos de ativistas e de estudiosos. Em 2007 foi construído o Parque Memorial Quilombo dos Palmares no topo da Serra a fim de representar edificações que existiam nos mocambos. Por isso alguns espaços são associados às atividades religiosas, como os espaços “campo santo” (onjó cruzambê) e “lagoa encantada dos negros e gameleira sagrada (irocô). Outros representam práticas cotidianas que foram assimiladas do povo indígena e incorporadas à cultura afro-brasileira, como por exemplo as ocas e a casa de farinha (onjó da farinha). Além disso, há espaços para apresentações culturais e mirantes para a contemplação da belíssima vista. Enfim, o parque conta com instalações de apoio ao visitante como banheiros e restaurante e está aberto para visitação gratuita das 8h às 17h.

Serra da Barriga
Muxima de Palmares. Foto: Philipe Medeiros.
Serra da Barriga
Espaço de apresentações culturais. Foto: Trend Criativa.
Serra da Barriga
Mirantes com vista da Serra. Foto: Philipe Medeiros.
Serra da Barriga
Casa de Farinha. Foto: Philipe Medeiros.

Assim sendo, para finalizar esse post vou deixar abaixo o mini-documentário que fiz sobre turismo criativo em União dos Palmares.

Além da Serra | Direção: Mariana Cavalcante | Fotografia: Ramon Santos

Dicas

  • Na estrada da Serra da Barriga está localizado o Restaurante Baobá da chef Mãe Neide. Em que considero uma boa opção para quem quer provar a culinária afro-brasileira. Contudo, o restaurante não abre todos os dias, é legal vocês se informarem antes (Instagram: @vemprobaoba / Telefone: 82 996.103.931).
  • No momento em que vocês forem conhecer a Serra da Barriga, podem aproveitar para conhecer outros lugares em União dos Palmares como a Comunidade de remanescentes quilombolas Muquém, a Fazenda Anhumas, a antiga Estação Ferroviária (atual Mercado do Artesanato), a Casa Museu Maria Mariá, a Casa Museu Jorge de Lima e o Museu da Dona Irinéia, no Campus da UNEAL.
  • A empresa WS Receptivo realiza passeios às quartas-feiras saindo de Maceió para União dos Palmares. Certamente, é ideal para quem quer fazer uma visita rápida (Instagram: @wstureceptivo / Telefone: 82 3327.6655 e 82 999.999.191 / Página web: WSTUR).
  • Caso prefira dormir em União dos Palmares, sugiro duas opções: Hotel Santa Maria Madalena, que está localizado no centro da cidade e possui preços mais acessíveis; e o Quilombo Hotel Fazenda mais afastado do centro, mas possui chalés, piscina, spa, muito verde, um bom restaurante e diversos passeios. Ambos estão disponíveis no Booking.

Informações Parque Memorial Zumbi dos Palmares

Endereço: Estrada do Matadouro, 15025, União dos Palmares – AL, 57800-000.
Horário de funcionamento: Todos os dias das 8h às 17h.
Site: Fundação Palmares.

1 comentário em “Serra da Barriga e o Quilombo dos Palmares”

  1. Pingback: 13 de maio, por Antonio Risério - Socialismo Criativo

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