Sururu de Capote

Oi pessoal! O tema de hoje vai ser sobre mais um prato típico da gastronomia alagoana e arrisco dizer que é o que mais representa o Estado, inclusive sendo classificado oficialmente como Patrimônio Imaterial de Alagoas em 2014 pelo Conselho Estadual de Cultura (CGE)! É o famoso Sururu de Capote. Vamos contar um pouco do porque desse nome e da sua história, continua lendo aqui!

O famoso prato alagoano ”Sururu de Capote”. Foto: Wesley Menegari.

Quem visita Alagoas ou quem é alagoano deve estar acostumado a sempre pedir um caldinho antes de tudo né? O favorito de quase todos é o de camarão ou sururu, além disso todo turista que preze tem que experimentar pelo menos uma vez o Sururu de Capote. 

Pra quem não sabe o sururu é um molusco de água doce que vive dentro de uma concha e é facilmente encontrado nas partes mais baixas das lagoas, ficando enterrado na lama. Talvez você esteja pensando que deve ser difícil catar o sururu mas como eles vivem em colônias costumam ser encontrados juntinhos, portanto em grandes quantidades. O sururu cresce e se desenvolve de acordo com o teor de salinidade das águas onde vive, por isso a lagoa é perfeita, pois não é nem muito doce nem muito salgada. Aqui em Alagoas o Sururu é abundantemente encontrado na lagoa Mundaú, onde ficam boa parte dos marisqueiros (nome dado aos que pescam esse tipo de molusco, entre outros) e na lagoa do Roteiro. 

Pesca de Sururu na Lagoa Mundaú. Foto: Felipe Nyland.
Descasque do Sururu. Foto: Patrícia Mendonça.
Pescador retirando colonia de sururus. Foto: Felipe Nyland.

O nome Sururu vem do tupi “Çoo-rurú” que significa bicho-úmido, porém não se sabe onde e quando ocorreu essa denominação, como ela é a mesma do Norte ao Sul do país acredita-se que sua origem seja das mais antigas. Posteriormente o Sururu recebeu o nome científico de Mytella charruana pelo naturalista francês Alcides Dessalines d’Orbigny em 1842 e em 1846 ele também o denominou como Mytella falcata, sendo que essa não é mais adotada para o Sururu alagoano. Além disso, em algumas regiões é conhecido como mexilhão por ter aparência semelhante, fora que ainda virou gíria para expressar confusão e bagunça entre varias pessoas. 

Com relação ao nome do prato, no dicionário a definição de Capote é de “capa comprida e larga, casacão, pequena capa ou envoltório”. É dai que vem a razão do nome Sururu de Capote, por ser cozido dentro da própria concha (diferente do caldinho que é só a carne) que lembra uma capa larga e preta. 

Limpeza de sururu. Foto: Felipe Nyland.
Limpeza de sururu. Foto: Patricia Mendonça.
Limpeza de sururu. Foto: Felipe Nyland.

Após a pesca os marisqueiros realizam um processo de limpeza e descasque totalmente manual e artesanal, depois disso é que o produto é comercializado para então ser destinado ao uso gastronômico. Seu preparo é feito tradicionalmente no próprio caldo do molusco e leite de coco juntamente com outros temperos e normalmente acompanhado de arroz, pirão, pimenta ou purê de macaxeira. Pode variar bastante de acordo com cada restaurante e cozinheiro, além de ser adaptado a outras receitas. Algumas das mais famosas são: sururu ao coco, fritada de sururu, moqueca de sururu, sururuzada, risoto de sururu e o caldinho de sururu. 

Prato feito com sururu. Foto: Kaio Fragoso.

Um fato interessante é que o prato ficou famoso nacionalmente após o escritor alagoano Jorge de Lima exalta-lo em sua obra ‘’O anjo’’ de 1934, descrevendo o sururu como pequenos, degenerados e gotosíssimos, além de descrever as circunstâncias naturais do seu sabor (aquela mistura de água salgada e doce que mencionei acima). Mas é possível encontrar varias menções a essa iguaria em periódicos, jornais e livros desde 1828.

Além de ser um ícone da gastronomia alagoana o Sururu é super importante para a economia e para o sustento de milhares de famílias, pois muitas pessoas sobrevivem através da sua pesca nas comunidades ribeirinhas. Quem for a Alagoas vai encontrar esse prato facilmente nos restaurantes de Maceió e nas cidades litorâneas próximas as lagoas, como Marechal Deodoro, Coqueiro Seco e Roteiro. 

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