Piranhas: a cidade patrimônio histórico cultural

Já falamos bastante de Piranhas por aqui, mas é por que essa pequena cidade tem muitos atrativos e histórias pra contar! Porém, o post de hoje será dedicado exclusivamente a ela.

Há uma antiga tradição popular que conta que um cabloco pescou, limpou e salgou uma grande piranha, e a levou para casa. Ao chegar em casa percebeu que havia esquecido o cutelo e então disse ao filho ‘’vá ao porto da piranha e traga meu cutelo’’. Essa versão foi passando de geração a geração e seria a razão do lugar haver recebido a nominação de Piranhas. Mas, como na maioria dos nomes, esse é herança dos índios que viviam as margens do Rio São Francisco e que chamavam o local de ‘’pira + ai’’, o que na tradução literal significa ‘’peixe tesoura’’. Pois no Rio haviam peixes que devoravam um homem ou animal em questão de minutos, deixando apenas o esqueleto. 

Os arquivos históricos constam que o município começou no século 18 como um arraial, onde predominavam duas famílias: os Feitosa e os Alves. Com o passar do tempo transformou-se numa povoação e o nome Piranhas foi estendido a todo o território. O lugar alcançou rapidamente um considerável desenvolvimento comercial pois era uma região de convergência dos que vinham do litoral, sertões e municípios vizinhos. 

Depois de iniciada a navegação pelo Baixo São Francisco, em 1867, seu comércio ficou mais intenso e com a construção da Estrada de Ferro de Paulo Afonso em 1878 a cidade valorizou e passaram-se a construir boas casas térreas e alguns sobrados, além de uma capela e cemitério. A cidade teve marcos importantes como a visita do imperador dom Pedro II no século XIX e foi por várias vezes refúgio de Lampião no início do século XX. 

Cerca de 80 anos pós a construção da ferrovia, a ausência de um forte fluxo comercial, o intenso assoreamento do Rio e a concorrência das estradas de asfalto e barro levaram a desativação da linha regular de navegação e da estrada de ferro em 1964. Piranhas voltou ao seu isolamento e só teve essa situação quebrada com a construção da Hidrelétrica de Xingó, a partir de 1986. Ocorreu então, uma urbanização acelerada que modificou a configuração do território com a população passando a conviver entre a antiga cidade, Piranhas de baixo ou Piranhas Velha (a margem do Rio e centro histórico) e a nova, Piranhas Nova ou de cima (acima do Rio).

Atualmente Piranhas possui cerca de 25 mil habitantes e apresenta um dos conjuntos arquitetônicos mais conservados do país, tendo recebido em 2003 o título de patrimônio histórico cultural do IPHAN. A sensação é de que voltamos ao tempo ou estamos em algum cenário cinematográfico! Mas o legal é que as pessoas realmente moram na parte de baixo, não é aquele centro histórico que virou comércio ou funciona como museu a céu aberto. Isso é uma das coisas que fazem esse local ser tão especial. 

O potencial turístico da região é enorme e vem crescendo bastante nos últimos anos, muito em razão das novelas e filmes filmados na região. Atualmente há inúmeras opções de bons hotéis e pousadas para hospedagem e para quem vem de Maceió são cerca de 4:30h de viagem através das BR 316 e 101 e AL 220 e 225. Há muitas opções de passeios como: os Cânions de Xingó, a Rota do Cangaço, visita a Hidrelétrica de Xingó, povoado Entremontes, diversas trilhas e passeio pelo Centro Histórico. Abaixo vamos citar alguns dos pontos mais icônicos do Centro, mas é muito fácil andar por lá! Em uma tarde ou manha dá pra conhecer bem o centro e claro tirar muitas fotos, caso queira subir as escadarias dos mirantes aconselho a ir cedinho ou a noite para evitar o sol forte e calor.

Fachada do Museu do Sertão. Foto: Projeto Alagoas.
Museu do sertão: expõe objetos da época do cangaço, fica na antiga estação ferroviária. Foto: Projeto Alagoas.
Antiga Torre do Relógio de 1879, abriga uma cafeteria e mirante. Foto: Projeto Alagoas.
Palácio D. Pedro II: onde funciona a Prefeitura de Piranhas. O nome é uma homenagem ao monarca, que visitou a cidade, em outubro de 1859, fato que até hoje é lembrado com orgulho pelos locais, pois não era comum o imperador sair da capital, no Rio de Janeiro, para visitar uma pequena cidade no alto sertão do Nordeste. Foto: Projeto Alagoas.
Vários sobrados e casas coloridas com suas fachadas preservadas ao longo da cidade. Foto: Projeto Alagoas.
Mirante secular – construído no século 19, funcionava como um pequeno farol para orientar as embarcações do Rio Sao Francisco. Pirâmide quadrangular de 8m, são 364 degraus até o topo e ao lado fica o restaurante Flor de Cactus. Foto: Reprodução Google Imagens.
Mirante da Igreja Senhor do Bonfim com seus 250 degraus. Foto: Reprodução Google Imagens.
Igreja Nossa Senhora da Saúde, construída no século XIX em estilo neoclássico. Foto: Reprodução Google Imagens.
Igreja de Santo Antônio de Lisboa, a mais antiga de Piranhas (1790), onde estão depositados os restos mortais dos fundadores da cidade. Foto: Reprodução Google Imagens.
Praça e Centro de Artesanato, Artes e Cultura de Xingó, onde funcionava a antiga Casa de Máquinas da Rede Ferroviária. Foto: Projeto Alagoas.
Praça e Sede do Iphan ao fundo. Foto: Projeto Alagoas.
Praça com bares e restaurantes onde há o famoso forro do Altemar Dutra. Foto: Projeto Alagoas.

Informações:
Pedra do Sino
Endereço: Rua Alto do Mirante, 1600 – Centro Histórico, Piranhas – AL, 57460-000
Contato: (82) 3686-1106 e (82) 98807-3918, Instagram: @pedradosinohotel
Prefeitura de Piranhas, Palácio Dom Pedro II
Endereço: Rua Padre Cícero, 9, Piranhas – AL, 57460-000
Contato: (82) 3686-3222
Funcionamento: De segunda a sexta de 7h as 13h
Centro de Artesanato, Artes e Cultura de Xingó
Endereço: Rua Josélia Maria de Souza Resende – Centro Histórico, Piranhas- AL, 57460-000 
Contato: (82) 3686-1113
Funcionamento: De quarta a domingo de 10h as 17h
Museu do Sertão Marília Rodrigues
Endereço: Rua José Martiniano Vasco, 300 – Centro, Piranhas- AL, 57460-000
Contato: (82) 3686-3013
Funcionamento: De terça a domingo de 8h as 17h
Café da Torre do Relógio
Endereço: Rua José Martiniano Vasco, 300 – Centro, Piranhas- AL, 57460-000
Funcionamento: Todos os dias de 16h as 20h

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